Vinicius de Moraes (1913 - 1980)
- Detalhes
- Categoria Pai: Biografias
- Última Atualização: Segunda, 30 Janeiro 2017 13:27
- Acessos: 6054

Com a eclosão da segunda guerra mundial, regressa ao Brasil. Casara-se, entretanto, por procuração. Permanece algum tempo em São Paulo, onde conhece o poeta Mário de Andrade, com quem trava uma grande amizade.
Dedica-se ao jornalismo em 1941, como crítico de cinema. Vinicius foi um apaixonado pela sétima arte. Participou na fundação da revista Filme em 1947 e manteve contactos com Orson Welles, Walt Disney e Gregg Toland.
Em 1943 publica Cinco Elegias. No mesmo ano ingressa na carreira diplomática, partindo em 1946 para Los Angeles como vice-côsul.
Vem à Euroapa em 1952 com o objetivo de estudar a organização dos festivais de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, tendo em vista a realização do festivel de cinema em São Paulo. Um ano mais tarde, surge a edição francesa das Cinco Elegias. Ainda no mesmo ano, fixa-se em Paris, ocupando o cargo de segundo-secretário da embaixada.
A sua peça teatral Orfeu da Conceição (premiada em 1954, no IV Centenário da Cidade de S.Paulo) serviu de base a um filme que em 1959 conquistou o 1.o prémio no Festival de Cannes.
Juntamente com o compositor António Carlos Jobim e o cantor João Gilberto, Vinicius tem um papel importante no movimento de renovação da música popular brasileira, a que se deu o nome de Bossa Nova.
Em 1957 passa a fazer parte da delegação doBrasil na U.N.E.S.C.O. No mesmo ano é publicado o Livro de Sonetos. Um ano depois é editado o disco Canção do Amor Demais. Em 1959, novo êxito com Por Toda a Minha Vida.
Orfeu Negro aparece em edição italiana em 1961. No ano seguinte, Vinicius publica um livro de crónicas e poemas: Para Viver Um Grande Amor. Entre 1963 e 1964 vive novamente em Paris. No regresso, passa a escrever para o semanário Fatos e Fotos.
1969 é para Vinicius o ano Português. Lisboa recebe-o entusiàsticamente, aplaudindo-o com o máximo calor.
Vinicius de Moraes / Tom Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina, que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que já vi passar
Ai! Como estou tão sozinho
Ai! Como tudo é tão triste
Ai! A beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha
Ai! Se ela soubesse que quando ela passa
O mundo interinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor
Só por causa do amor ...
Soneto da Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zêlo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e darramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contetentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, pôsto que e chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Tarde Em Itapuã
Vinicius de Moraes / Toquinho
Um velho calão de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-iris no ar
Depois na praia Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E uma esteira de vime
Beber uma água de côco
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doura
Com uma cacha de rolha
E com olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
É o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã